Ex-secretário é denunciado por violência psicológica e perseguição à ex-mulher

O engenheiro eletricista e ex-secretário durante as gestões de petistas no estado da Bahia, James Silva Santos Correia, de 66 anos, foi denunciado por sua ex-companheira, Magali de Oliveira Viana, por violência psicológica e perseguição após a separação. De acordo com a ação penal movida Ministério Público da Bahia (MP-BA), ao qual o portal A TARDE teve acesso, James passou a praticar atos de constrangimento, manipulação e ameaças contra a vítima.O engenheiro eletricista James Correia comandou as secretarias de Indústria, Comércio e Mineração e de Desenvolvimento Econômico do governo da Bahia. Além disso, é formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBa), foi gerente de operações da Coelba por dez anos e foi professor do mestrado em energia de uma faculdade particular de Salvador.Em depoimento, Magali, sua ex-esposa, afirmou que, após a separação em outubro de 2022, ambos continuaram morando no mesmo imóvel, localizado no bairro da Barra, em Salvador. Nesse período, James teria adotado comportamentos abusivos e intimidatórios. Como consequência, a vítima, ex-esposa, desenvolveu transtornos psicológicos, necessitando de acompanhamento psiquiátrico e uso de medicamentos controlados para dormir.

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Fotos enviadas pelo ex-secretário

|  Foto: Reprodução

Câmeras escondidas no quarto

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“O ex-companheiro fez um furo na parede e colocou um fio, o que a levou a mudar de quarto. Posteriormente, ele alegou precisar acessar a impressora do cômodo e fez uma cópia da chave, obrigando a vítima a se mudar novamente. Em outro episódio, após o furo na parede ser fechado, Magali encontrou dois gravadores escondidos atrás da cama”, relata um trecho da denúncia ministerial.Além disso, segundo a denúncia, o acusado enviava à vítima imagens de si mesmo com teor sexual, bem como fotos íntimas dela, tiradas sem seu consentimento durante o relacionamento.”Em fevereiro de 2024, após James deixar o imóvel e se mudar para outra propriedade do casal, ele passou a enviar e-mails para a vítima, ora professando amor, ora fazendo ameaças, afirmando que ‘com a separação, ela não iria ficar com nenhum bem'”, detalha outro trecho da denúncia. O documento ainda aponta que James teria enviado imagens do próprio órgão genital ao filho de Magali. Além disso, após a vítima trocar a fechadura do apartamento, ele passou a ameaçá-la por e-mail, declarando que “o apartamento é dele e que vai invadir”.Diante das acusações, o Ministério Público da Bahia solicitou a abertura de um processo criminal contra James. O pedido inclui a convocação do acusado para apresentar sua defesa, a oitiva de testemunhas já indicadas e outras que possam surgir, bem como o interrogatório do réu. Ao final do processo, a promotoria busca sua condenação. Segundo interlocutores da vítima, apesar da denúncia não mencionar o nome de outros réus além de James, a grampolândia feita no apartamento do casal teria contado com a ajuda do ex-delegado da polícia federal Expedito Teixeira, que hoje advoga na capital e presta serviços jurídicos ao ex-secretário.

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Outras intimidaçõesJames Correia, ainda segundo apurações de A Tarde, passou a circular no final do ano passado fazendo lobbies e ameaçando funcionários e até desembargadores no Tribunal de Justiça da Bahia, em favor da empresa GDK, que se encontrava em recuperação judicial e teve a falência decretada pela justiça baiana. “O ex-secretário adentrou no gabinete de uma desembargadora gritando sobre um processo envolvendo a GDK e dizia que já teria despachado com a presidente do Tribunal, irresignado com uma decisão judicial que decretou a falência da empresa de seu amigo César. Ele estava completamente desequilibrado e parecia estar alcoolizado ou dopado, dizendo que um advogado de nome Chico Bastos já estaria entrando no circuito para reverter a situação da GDK”, relatou uma fonte que presenciou o episódio e por ser servidor comissionado do Judiciário, pediu reservas quanto a fonte para evitar represálias e maiores constrangimentos para a Corte.Ficha corridaEm 2014, James Correia foi acusado de usar um carro oficial do governo para ir a jogo da Copa do Mundo na Fonte Nova. À época, ele era secretário da Indústria e Comércio, e afirmou que estava a serviço. O veículo estava estacionado na Ladeira da Fonte, na região da Fonte Nova. Em 2018, ele foi citado na delação do ex-secretário de Desenvolvimento Urbano do Estado, Manuel Ribeiro, preso na operação Sem Fundo, a 56ª fase da Lava Jato. A operação apurava desvios na construção da Torre Pituba, sede da Petrobras em Salvador.Consultas ao site do Tribunal de Justiça da Bahia aponta que James responde a dezenas de ações cíveis e criminais e em uma das ações penais privadas ele foi condenado pelo juiz Ricardo Dias de Medeiros Neto por crime contra a honra praticado contra um empresário, porém absolvido por decisão da desembargadora Soraya Moradillo Pinto, que contrariou o parecer da Procuradoria de Justiça, órgão do MP estadual, que opinou pela manutenção da sentença condenatória. A decisão de absolvição foi objeto de recurso especial e será apreciado pelo Superior Tribunal de Justiça, que determinará o destino de James.A TARDE entrou em contato, sem sucesso, com as defesas de Expedito Teixeira e James Correia, estando à disposição para os devidos esclarecimentos.Como denunciar:Para acessar o canal de denúncias basta ligar para o ligue 180, cuja ligação é gratuita e pode ser feita de qualquer lugar do Brasil, 24 horas, todos os dias da semana (inclusive finais de semana e feriados).Além do número de telefone 180, é possível realizar denúncias de violência contra a mulher pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil e na página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), responsável pelo serviço.Também é possível receber atendimento pelo Telegram. Basta acessar o aplicativo, digitar na busca “DireitosHumanosBrasil” e mandar mensagem para a equipe da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180.Já em casos de emergência, a Polícia Militar deve ser acionada através do telefone 190; se a opção for via chat no Whatsapp, é só ligar para o número (61) 9610.0180 ou apontar a câmera para o QRCode.

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