Produção de soja em Catalão está boa, mas custo e endividamento preocupam

Renato Ribeiro, produtor de soja em Catalão, destacou a situação da safra na região, afirmando que a produção está “boa para excelente”, embora não tenha atingido os níveis esperados. “Não está sendo uma produção muito alta, mas vamos simplificar, a produção está boa”, disse Ribeiro, enfatizando que o custo de produção, embora mais alto, não é o principal problema.

O produtor aponta que o endividamento dos agricultores é o grande desafio. “Quem estava devendo vai continuar devendo, porque o lucro que virá esse ano é para custear a safra, não para pagar dívida”, explica. Ribeiro observa que, devido ao alto endividamento, muitos produtores continuarão pagando juros sem conseguir quitar suas dívidas.

Renato Ribeiro registra colheita de soja l Foto: Arquivo pessoal

Os fatores que contribuem para essa situação incluem a baixa do preço do grão, o alto custo dos insumos e uma produção abaixo das expectativas. “O preço do grão está baixo, o custo está alto e a produção esperava muito acima da média, mas não veio tanto assim”, afirma. Ele também destaca que, embora nem todos os produtores estejam endividados, aqueles que estão enfrentam dificuldades para sair dessa situação.

Outro ponto levantado por Ribeiro é o impacto do dólar alto, que ele acredita ter elevado os custos dos insumos, como adubos. “Com o dólar caro, todos os insumos ficaram muito caros”, comenta.

Pensando no futuro, Ribeiro é cauteloso em relação ao ano de 2025. “O produtor não pode se endividar, não pode abrir mais áreas. O arrendamento está muito fora da nossa realidade. Os produtores estão pagando valores que não geram lucro, e é necessário um ajuste em toda a cadeia”, afirma.

Em relação às recuperações judiciais (RJs), Ribeiro critica o impacto delas no setor. “É uma maneira que salva poucos e prejudica muitos. O produtor ganha um fôlego, mas na maioria dos casos não consegue sair da situação financeira complicada em que se encontra”, avalia.

O produtor também expressa preocupação com o cenário econômico do país, que, segundo ele, não favorece o agronegócio. “O governo atual não faz questão de ajudar o setor, e isso diminui a coragem do produtor. A falta de incentivo tira a vontade de investir, e quando ele não investe, todos os setores acabam sofrendo, principalmente a geração de empregos”, afirma Ribeiro.

Sobre a situação do mercado de máquinas agrícolas, ele observa que o alto custo do financiamento e a falta de crédito viável tornam a compra de novos equipamentos inviável. “Hoje, se você for financiar uma máquina agrícola com os juros atuais, é totalmente inviável. Muitos produtores preferem manter as máquinas que já têm”, explica.

Colheita em Goiás l Foto: Reprodução

A crise também afeta a indústria de máquinas, especialmente no Sul do Brasil. “As fábricas lá estão sentindo muito mais o impacto do desemprego. A maioria das grandes fábricas está entre São Paulo e o Rio Grande do Sul”, comenta.

Ribeiro, que planta 2.000 hectares, prevê uma colheita 10% superior à sua média histórica. “A previsão é de um acréscimo de 10% na produção em relação à média dos últimos cinco anos”, revela. No entanto, ele alerta sobre a escassez de milho, com uma tendência de alta de preços devido à pouca oferta. “Plantou-se pouco milho, mas no curto prazo, há uma expectativa de bons preços devido à escassez”, conclui Ribeiro.

Leandro Mediani de Moura destaca a produção de soja em Cristalina

Leandro Mediani de Moura, produtor de soja no município de Cristalina, um dos maiores polos de irrigação da América Latina, destacou a excelente performance da safra deste ano. “A produção de soja aqui na região tá maior que o ano passado, uma produtividade muito boa, tá? Em geral, a sanidade foi boa, apesar de alguns patógenos fúngicos devido à chuva excessiva. O restante da safra veio com grãos bons”, explicou Moura.

Leandro Mediani l Foto: Arquivo pessoal

Ele estima que a produtividade deve ficar acima de 70 sacos por hectare, com algumas regiões alcançando até 86 sacas, dependendo da variedade da soja e das condições locais. “Em sequeiro, a produtividade está variando de 70 a 80 sacas, mas em pivô, está passando de 100 sacas por hectare. Na nossa fazenda, a média do ano passado foi de 58 sacas, e agora estamos colhendo em torno de 74 sacas por hectare”, afirmou.

Quanto ao preço da soja, Leandro mencionou que, devido à sua estratégia de comercialização de commodities, ele conseguiu travar aproximadamente 40% da produção. “A gente aproveitou momentos do ano passado, principalmente em outubro e novembro, para travar o prêmio. Também fizemos algumas operações de dólar no finalzinho, o que deve resultar em um incremento de R$ 15 a R$ 20 por saco”, comentou.

No entanto, ele reconhece que a maioria dos produtores não está obtendo bons resultados com os preços atuais, que caíram devido a uma safra recorde no Brasil. “Estamos chegando a uma safra histórica, com previsão de 170 milhões de toneladas, mas a demanda da China, que consome 70% da nossa soja, não cresceu na mesma proporção da produção. Isso é natural, e o preço tende a cair devido ao excesso de oferta”, explicou.

Em relação às condições do mercado, Leandro falou sobre a importância da previsibilidade de preços em 2025, destacando que o uso de ferramentas de comercialização pode ajudar a suavizar as oscilações. “Durante 2025, o ideal é termos uma previsibilidade de preços para fazer um preço médio ao longo do ano”, sugeriu.

Sobre a prática de “travamento”, Leandro esclareceu que se trata de uma estratégia usada no mercado de commodities. “Quando você trabalha com soja, milho, trigo, ou boi, pode vender antecipadamente para tradings, como a Bung, por exemplo. Se a negociação for boa, você faz o ‘travamento’, garantindo o preço antes de colher”, explicou. Ele detalhou ainda que o preço da soja é formado por três componentes: o dólar, o preço da Bolsa de Chicago e o prêmio no Porto, e que esses fatores podem variar independentemente.

Aos desafios de produção, Leandro mencionou o impacto do aumento nos custos de insumos, que representam cerca de 40% do custo operacional da produção. “Meu custo total ficou próximo de 55 sacos por hectare, e isso é bem elevado, principalmente devido à alta do dólar, que impacta diretamente os insumos importados, como adubos”, comentou.

Mediani mostra soja colhida em sua propriedade l Foto: Arquivo pessoal

Leandro também abordou o cenário atual do crédito no setor agropecuário. “O crédito está mais restrito, mas quem tem boa condição comercial e área para garantir consegue acesso. O problema é que os juros estão muito altos, chegando a 19%, o que torna difícil para o pequeno produtor arcar com esse custo. Nesse caso, ele depende das linhas de crédito subsidiadas pelo governo, como o Programa de Financiamento para Atividades Agropecuárias (Pronamp) e o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)”, explicou.

Por fim, ele ressaltou a necessidade de cautela agora. “Estamos passando por um ciclo econômico global de juros elevados e restrição de crédito. Nesse cenário, o momento é de não fazer investimentos pesados, mas sim de focar no essencial, como manutenção de maquinário e correção de solo”, concluiu.

Produtor Jonny Chaparini alerta sobre os desafios da safra de soja em Montividiu

Jonny Chaparini, produtor de soja e presidente do Sindicato Rural de Montividiu, destaca a incerteza que ainda paira sobre a produção agrícola no município. Segundo ele, é difícil prever com precisão o rendimento da safra. “A expectativa é sempre de sucesso e boa produtividade, mas, neste momento, é complicado falar com certeza. O clima teve um período de muitas nuvens e chuva excessiva, além de problemas com pragas de solo”, afirmou.

Chaparini mencionou que, embora algumas regiões apresentem desempenho dentro da média, outras que tinham potencial para mais não ultrapassaram as expectativas. “A condição climática varia muito de município para município. Em alguns locais, as pragas não afetaram tanto, mas em outros, elas prejudicaram a produção”, explicou.

Apesar dos desafios, Chaparini é otimista em relação à produtividade em comparação com o ano anterior. “Com certeza, a produtividade será superior ao ano passado, quando enfrentamos um veranico e houve quebra de safra. Agora, a perspectiva é de uma safra boa”, afirmou.

Contudo, o produtor destacou que o cenário financeiro continua difícil. “A relação com os preços é complicada. Desde 2022, temos enfrentado juros altos, oscilações no dólar e custos elevados com fertilizantes, o que faz com que o valor da produção não cubra os investimentos feitos. O preço da soja está muito baixo e os insumos continuam caros”, explicou.

Chaparini também alertou para a difícil realidade financeira dos produtores. “O produtor está sangrando, sem conseguir pagar os custos operacionais e trabalhando no vermelho. Muitos estão endividados, e a situação é grave”, disse, ressaltando a preocupação com o futuro da agricultura no país.

O presidente do sindicato também criticou o governo federal e sua falta de apoio ao setor. “O governo não oferece subsídios e, enquanto os produtores americanos pagam juros de 2,5%, nós enfrentamos taxas superiores a 20%. A falta de políticas agrícolas eficientes está levando muitos a pedir recuperação judicial”, disse, destacando a gravidade da situação.

Sobre as previsões para a produção nacional, Chaparini se mostrou cético quanto às estimativas de superprodução. “Falar em superprodução de 172 milhões de toneladas é um erro. Temos problemas em estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, além de excesso de chuva em Mato Grosso, o que impacta a produtividade”, afirmou.

Por fim, ele lamentou as previsões equivocadas e as dificuldades enfrentadas pelo setor, destacando que, sem mudanças estruturais, a crise tende a se agravar. “Se nada for feito, teremos ainda mais problemas financeiros. Estamos caminhando para um colapso”, concluiu.

Produtor Zé Gaúcho fala sobre safra de soja e desafios no município de Mineiros

O produtor de soja José Hermínio Caleffi Magro – o Zé Gaúcho, do município de Mineiros, afirmou que, apesar das dificuldades enfrentadas por alguns produtores, a safra deste ano tem atendido as expectativas da maioria. “A produção tá o que o pessoal estava esperando, mas tem alguns produtores que produziram menos do que no ano passado, que foi uma safra não muito boa”, explicou.

Ele destacou que, apesar de um início complicado, com dias de clima fechado, o tempo ajudou para a recuperação. “No começo da colheita foi meio estressante, ficou quase uma semana o tempo bem fechado, não conseguia colher. Mas graças a Deus depois deu um tempinho bom, o pessoal conseguiu colher as lavouras praticamente. Aqui na nossa região, está finalizando as colheitas”, contou.

Embora a safra tenha sido satisfatória, Zé Gaúcho acredita que a produção em Mineiros será menor do que no ano passado. “Eu falo por mim. Pode ser que tenha alguma região do nosso município que produziu mais, claro. Mas, no meu caso, foi menor. A minha safra foi um pouco menor do que a do ano passado, mas foi satisfatória”, explicou.

Zé Gaúcho em meio a sua lavoura de soja l Foto: Arquivo pessoal

No entanto, o produtor alertou para o aumento dos custos de produção, que têm impactado negativamente os lucros. “Custo muito alto, tivemos um custo muito alto. Agora, as últimas compras de óleo diesel foram com o preço acima de R$ 6 o litro”, disse. Além disso, o crédito tem sido uma dificuldade para muitos produtores, devido aos juros elevados. “O crédito é outra dificuldade, o juro é altíssimo. O banco oferece dinheiro toda hora, mas com esse juro louco, como é que faz?”, questionou.

Zé Gaúcho também destacou que a atividade rural exige muito profissionalismo. “Se o produtor não for profissional mesmo, o aventureiro não vai ficar muito tempo no meio da lavoura”, alertou. “É um negócio que não é para amador, tem que ter profissionalismo em todo negócio”, completou.

Prefeito de Mineiros destaca safra recorde e impacto positivo na economia

O prefeito de Mineiros, Aleomar Rezende (MDB), afirmou que a atual safra tem gerado grande satisfação entre os produtores da região. Segundo ele, as condições climáticas foram ideais para o cultivo e a colheita.

Colheita registrada pelo prefeito l Foto: Aleomar Rezende

“A satisfação dos produtores é geral. O clima ajudou, as chuvas permitiram a colheita no momento certo. Choveu muito bem nesta safra e ninguém está reclamando. Estão colhendo acima das médias,” destacou o prefeito.

Rezende afirmou que praticamente todos os produtores já plantaram a safrinha, o que deve garantir uma boa produtividade também para a segunda safra. “Houve sol para colher e houve chuva para a safrinha. Todo mundo está muito feliz,” disse.

Mercado e desafios

Apesar do alto volume colhido, o preço da soja segue as oscilações do mercado internacional. “O preço está em torno de 110 a 115 reais, mas a expectativa para o milho é boa. Isso vai equilibrar um pouco a situação,” avaliou o prefeito.

Ele também citou desafios enfrentados pelos produtores, como os juros elevados e o alto custo dos insumos. “Os preços caíram, mas os insumos não baixaram. O maquinário continua muito caro. Mas a produção vai superar isso tudo. Será uma safra recorde, sem prejuízo,” afirmou.

Reflexos na economia local

Rezende destacou que a boa produção impactará positivamente toda a economia da cidade, gerando empregos e movimentando diversos setores. “Esse reflexo repercute em toda a cadeia produtiva, no comércio, nos serviços, na receita do município e do estado. Permite mais investimentos, valorização e comercialização de imóveis, aquisição de implementos agrícolas,” explicou.

Aleomar Rezende l Foto: Reprodução

Com a colheita farta, a falta de armazéns tem sido um desafio. “Tem propriedade que já não tem onde armazenar a soja e está colocando debaixo de barracão,” revelou.

A expectativa para a safrinha também é otimista, especialmente para o milho. “Não tem milho disponível no mercado e isso eleva o preço. Hoje, o milho está em torno de 65 reais. Com a demanda alta e pouco produto, o preço sobe,” ressaltou.

O prefeito finalizou celebrando os bons resultados da safra. “Temos que enaltecer essa safra, porque foi extremamente satisfatória. Isso movimenta a economia, gera emprego e traz crescimento para a cidade,” concluiu.

Rio Verde se consolida como potência do agronegócio e centro logístico estratégico

Localizado no sudoeste de Goiás, o município de Rio Verde se destaca como um dos principais polos do agronegócio brasileiro, especialmente na produção de soja. Em 2022, a cidade alcançou a segunda posição no ranking nacional de produtores do grão, com uma produção de 1,5 milhão de toneladas, representando um crescimento de 11% em relação ao ano anterior. Além disso, Rio Verde produziu 2,5 milhões de toneladas de milho no mesmo período, consolidando-se como um dos maiores produtores do país.

Para garantir o escoamento eficiente dessa expressiva produção agrícola, o município aposta na Plataforma Multimodal de Rio Verde, projeto que busca integrar os modais rodoviário, ferroviário e, futuramente, hidroviário. A expectativa é de que essa infraestrutura reduza custos para os produtores locais e otimize o transporte da safra para os mercados nacionais e internacionais.

O prefeito Welligton Carrijo destacou a importância da iniciativa para o crescimento econômico da região. “A Plataforma Multimodal é um divisor de águas para o agronegócio de Rio Verde. Com essa infraestrutura, garantimos mais eficiência no transporte e competitividade para os nossos produtores, afirmou.

Wellington Carrijo l Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

O desenvolvimento do setor agropecuário e logístico de Rio Verde é resultado de um planejamento estratégico de longo prazo. Sob a liderança do ex-prefeito Paulo do Vale, a cidade consolidou sua infraestrutura e atraiu investimentos essenciais. Agora, Carrijo dá continuidade a esse legado, reforçando políticas de incentivo à agricultura e modernização logística. No âmbito estadual, o deputado Lucas do Vale tem sido um articulador importante para a captação de recursos e projetos que beneficiam o município.

“Rio Verde está preparada para seguir crescendo. Nosso compromisso é garantir que a cidade continue sendo uma referência em desenvolvimento sustentável e inovação no agronegócio”, concluiu Carrijo.

Combinando produção agrícola robusta, infraestrutura moderna e uma gestão comprometida, Rio Verde reafirma sua posição de destaque no cenário nacional.

Recuperação Judicial

Segundo a Serasa Experian, o número de produtores no Brasil que recorreram à recuperação judicial teve um aumento expressivo no segundo trimestre de 2024, com um salto de 34 para 121 solicitações, comparado ao mesmo período de 2023. Os produtores de soja, em particular, representam a maior parte dessa alta, com 53 pedidos registrados.

Esse crescimento pode ser atribuído a uma série de fatores, como o alto custo das taxas de juros, a desvalorização das commodities, a queda dos preços dos grãos e o encarecimento dos custos de produção, impulsionado pela alta nos preços dos insumos. No primeiro trimestre de 2024, 86 produtores já haviam solicitado recuperação judicial.

A crise econômica tem impactado não apenas os produtores rurais, mas também as empresas do setor agropecuário.

Instituições

Safra de soja em Goiás deve bater recorde, mas preços preocupam produtores

Goiás deve colher cerca de 19 milhões de toneladas de grãos nesta safra, segundo Leonardo Machado, gerente técnico do Instituto para Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag). Os dados foram apresentados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no último levantamento de produção.

“Temos uma estimativa muito favorável. Inclusive, a Faeg, o Ifag e o sistema, por meio da sua Expedição Safra, apontam para uma produção ainda maior, acima dos 19 milhões de toneladas”, afirmou Machado.

De acordo com Machado, a safra atual será recorde, superando a do ano passado, quando foram colhidas pouco menos de 17 milhões de toneladas. “O crescimento será superior a 15%, impulsionado pelo aumento da área plantada, bons volumes de chuva e condições adequadas para o desenvolvimento das lavouras”, explicou.

Leonardo Machado l Foto: Arquivo pessoal

Apesar do bom desempenho produtivo, os preços devem se manter mais baixos do que nos últimos anos. “Nesta safra 2024/25, a produção mundial será muito grande. O Brasil, Argentina e Estados Unidos terão boas colheitas, aumentando a oferta global. Como a demanda não está crescendo na mesma proporção, os preços tendem a ficar pressionados para baixo”, destacou.

Outro desafio para os produtores tem sido o crédito agrícola. “No ano passado, tivemos problemas como quebra na produção e queda na produtividade, o que afetou a concessão de crédito. Muitos fornecedores, tanto públicos quanto privados, estão mais cautelosos este ano, reduzindo o volume de crédito disponível para os agricultores”, apontou Machado.

Além disso, as políticas econômicas do país têm dificultado a vida do setor produtivo. “O governo continua gastando muito, e isso afeta a confiança dos investidores. A taxa de câmbio elevada impacta diretamente o custo dos insumos, tornando a produção mais cara. Precisamos de uma política econômica mais favorável ao empreendedor, que permita melhores condições de mercado e juros mais acessíveis”, concluiu.

Goiás se destaca como terceiro maior produtor de soja do Brasil

Goiás se consolida como um dos principais produtores de soja no Brasil, ocupando a terceira posição no ranking nacional. A estimativa para a safra 2024/2025 é de um recorde de produção, alcançando entre 18 e 19 milhões de toneladas, um crescimento de quase 12% em relação à safra anterior.

“Tivemos um leve crescimento da área plantada, mas o destaque maior é em relação à produtividade. Houve um ganho significativo em comparação à safra passada, impulsionado pelas condições climáticas favoráveis e pelo uso crescente de tecnologias pelos produtores”, afirmou Christiane de Amorim Brandão, gerente de Inteligência de Mercado Agropecuário da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (SEAPA).

Christiane de Amorim Brandão l Foto: Lucas Eugênio/Seapa

A produção nacional também deve ser recorde, alcançando 166 milhões de toneladas de soja, com um crescimento de 12% e uma área plantada de 47 milhões de hectares. “Com essa maior oferta, pode haver uma pressão sobre os preços. Não falamos em preços baixos, mas sim em preços pressionados, sem tendência de alta no curto prazo”, explicou Brandão.

Apesar do cenário positivo para a produção, o custo dos insumos segue elevado, pressionando as margens de lucro dos produtores. “A estratégia é o escalonamento da comercialização. O produtor deve vender parte da produção quando houver uma alta nos preços e manter outra parte para negociações futuras”, orientou a gerente.

Regiões e mercados compradores

A região sudoeste de Goiás continua sendo a principal produtora de soja do estado. “É o filé da produção, mas outras regiões também estão se destacando, como o Sudeste, especialmente nos municípios de Cristalina, municípios do entorno, Catalão e Montividiu”, detalhou Brandão. Os municípios líderes em produção são Rio Verde, Jataí, Cristalina, Paraúna, Montividiu, Mineiros e Catalão.

O principal destino da soja goiana segue sendo a China, embora tenha havido uma leve redução nas exportações para o país. “A China ainda é a maior compradora, mas houve crescimento nas exportações para Tailândia, Indonésia e Irã”, ressaltou Brandão.

A demanda global continua forte, tanto pelo grão para alimentação animal quanto pelos subprodutos, como óleo e biocombustíveis. “Goiás se mantém como um player importante nesse mercado dinâmico. O produtor precisa estar atento às movimentações de mercado, condições climáticas e estratégias de comercialização”, concluiu.

“A posição estratégica de Goiás também favorece o escoamento da produção para portos e mercados consumidores, garantindo competitividade ao estado no cenário agropecuário nacional e internacional”, finalizou Christiane de Amorim Brandão.

Plantação de soja l Foto: Enio Tavares/Seapa

Veja ranking dos 12 maiores produtores de soja em 2023, de acordo com dados da Produção Agrícola Municipal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PAM/IBGE):

1. Rio Verde: 1.770.300,0

2. Cristalina: 1.440.000,0

3. Jataí: 1.248.000,0

4. Paraúna: 555.750,0

5. Montividiu: 553.800,0

6. Mineiros: 520.000,0

7. Catalão: 484.000,0

8. Ipameri: 406.000,0

9. Caiapônia: 390.000,0

10. Chapadão do Céu: 365.400,0

11. Silvânia: 336.600,0

12. Goiatuba: 300.300,0

Safra de soja em Goiás deve crescer 10% em relação ao ano passado, afirma presidente da COMIGO

A safra de soja deste ano em Goiás deve ser melhor que a do ano passado, com um crescimento estimado de 10%. A previsão é de Antônio Chavaglia, presidente da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (COMIGO).

“A soja está produzindo muito bem de uma maneira geral. Não tivemos problema de veranico, nem no plantio e nem durante o desenvolvimento da lavoura. Agora, com a colheita, as informações que temos indicam que a produção está dentro da normalidade”, afirmou Chavaglia.

Segundo ele, as condições climáticas deste ano favoreceram a lavoura, ao contrário do que ocorreu no ciclo passado. “No ano passado, tivemos uma queda na produção devido a problemas climáticos, mas acredito que este ano a safra será cerca de 10% maior”, disse.

Complexo Industrial Comigo, em Rio Verde – GO l Foto: divulgação

O presidente da COMIGO destacou ainda que a produção está boa em praticamente todos os municípios produtores do estado, inclusive na região do Vale do Araguaia. “Aqui no sudoeste de Goiás, aproximadamente 50 municípios produzem soja, e todos têm registrado boas colheitas”, pontuou.

Preços e custos preocupam produtores

Apesar do bom desempenho da safra, Chavaglia demonstrou preocupação com os preços da soja e o aumento dos custos de produção. “O preço realmente não está bom, caiu demais nos últimos três anos. Durante dois anos, os valores subiram porque a área de produção no mundo diminuiu, mas agora as produtividades estão voltando ao normal e os estoques aumentaram. Com isso, o preço cai, o que é um movimento natural”, explicou.

Atualmente, a saca de soja está sendo negociada entre R$ 110 e R$ 115, enquanto nos anos anteriores o valor chegou a R$ 170. Para o presidente da cooperativa, a desvalorização da soja se agrava porque os custos dos insumos não seguiram a mesma tendência. “O resultado final para o produtor está menor, mesmo com a boa produtividade. O óleo diesel, por exemplo, continua muito caro e tem um peso muito grande na lavoura, pois é utilizado em todas as máquinas e no transporte”, ressaltou.

Dificuldades econômicas e crédito caro

Outro fator que preocupa o setor é a falta de uma política econômica eficiente para o agronegócio. “Infelizmente, o Brasil está à deriva, não tem política econômica definida. O juro do crédito é impagável, entre 15% e 17% ao ano. Isso inviabiliza qualquer atividade, não apenas a agricultura”, criticou.

Diante desse cenário, muitos produtores estão recorrendo à recuperação judicial para tentar equilibrar as finanças. “É preocupante, pois quando o produtor não consegue pagar suas dívidas, entra em uma bola de neve que torna tudo impagável. A recuperação judicial é uma ferramenta necessária, mas nenhum produtor gosta de usá-la, pois isso compromete sua capacidade de continuar operando”, destacou.

Fretes caros e falta de caminhões

Outro desafio enfrentado pelos produtores é o alto custo do frete e a dificuldade de encontrar caminhões disponíveis para o escoamento da safra. “Os fretes estão 20% mais caros do que no ano passado, e em alguns momentos chegaram a subir até 30%. Além disso, há uma escassez de caminhões, o que complica ainda mais a logística”, finalizou Chavaglia.

Com um bom desempenho na colheita, mas desafios econômicos significativos, os produtores de soja em Goiás seguem atentos aos desdobramentos do mercado e às políticas governamentais que possam impactar o setor.

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