Monumento a papa João Paulo 2º em hospital de Roma vira ponto de orações para Francisco

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MICHELE OLIVEIRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Religiosos, fiéis, curiosos, pacientes e visitantes do hospital Agostino Gemelli, em Roma, transformaram o monumento em homenagem a João Paulo 2º, localizado na entrada principal do complexo, em um ponto de orações e homenagens ao papa Francisco, que está internado ali há dez dias.

A manifestação, que começou espontânea em torno da estátua, reúne flores, velas, desenhos infantis, balões infláveis, rosários e crucifixos. Muitos se aproximam, fazem o sinal da cruz, observam os objetos colocados ali, tiram fotos e vão embora. Outros sentam-se para uma oração mais demorada.

Nesta manhã (24), um grupo de freiras passou cerca de meia hora rezando o rosário. “Ele [o papa] transmite esperança, faz muito pelas pessoas”, disse a indiana Lincy Thomas, que mora em Roma.

Além de rezar, a italiana Roberta Samperi, 49, se dedicou a ajeitar os objetos e tirar flores secas dos arranjos. “Também passei aqui ontem, essa é minha prioridade agora. Ele está unindo os cristãos nesses dias”, afirmou ela, que contou estar acompanhando com angústia os boletins médicos divulgados diariamente.

A alguns passos dali, em uma parte mais elevada do estacionamento, instalaram-se jornalistas de emissoras de vários países. A posição permite ver ao longe as janelas do apartamento no décimo andar destinado aos papas. É ali onde está Francisco desde o dia 14, em sua quarta internação, a mais longa de todas. Ele não foi visto nenhuma vez na janela.

O líder religioso estava com evidente dificuldade respiratória em eventos públicos desde o início de fevereiro. Já no hospital, exames revelaram a existência de uma infecção polimicrobiana e pneumonia bilateral, ou seja, nos dois pulmões.

Na manhã desta segunda, um boletim médico afirmou que o pontífice havia passado uma boa noite e estava descansando.

No sábado (22), no entanto, suas condições de saúde haviam se agravado diante de uma crise respiratória asmática, que exigiu a aplicação de oxigênio suplementar. Naquele dia, o papa também precisou de transfusões de sangue porque os testes mostraram que ele tinha uma baixa contagem de plaquetas.

Agora, segundo a equipe médica, “a complexidade do quadro clínico e o tempo necessário para que as terapias medicamentosas apresentem alguma resposta tornam necessária a manutenção do prognóstico reservado”. Ou seja, os médicos seguiam cautelosos, com previsão incerta sobre a recuperação.

O hospital se tornou referência no tratamento dos papas desde 1981, quando João Paulo 2º foi internado ali pela primeira vez, em seguida do atentado sofrido na praça São Pedro. Até 2005, quando morreu, aos 84 anos, foram mais nove internações no centro de saúde, causadas por outros problemas de saúde.

João Paulo 2º foi o primeiro papa a se tratar fora do Vaticano. O polonês sofria de mal de Parkinson, doenças crônicas respiratórias e problemas cardiológicos. Ele morreu no Vaticano, quase dois meses depois de receber alta, devido a um choque séptico seguido de colapso cardiovascular.

Sua estátua, feita de mármore Carrara pelo artista Stefano Pierrotti, foi colocada ali em 2009.

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