Exército expulsa 6 militares suspeitos de torturar e agredir soldado em SP

TIAGO MINERVINO
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

O Exército Brasileiro expulsou seis militares suspeitos de torturar e agredir um soldado de 19 anos, no quartel da corporação em Pirassununga (SP), em 16 de janeiro.

O Exército instaurou inquérito policial militar para apurar a denúncia em janeiro e concluiu a investigação na semana passada. Após a conclusão, a Força optou pela expulsão do seis suspeitos de seu quadro.

Com a expulsão, os militares vão responder como civis ao processo instaurado na Justiça Militar da União. Eles são suspeitos de violentar um soldado do 13º Regimento de Cavalaria Mecanizado. Como os militares não tiveram suas identidades divulgadas, a reportagem não conseguiu localizar suas defesas.

A vítima é um soldado que foi torturado no interior do quartel localizado em Pirassununga. Conforme a denúncia, o soldado foi agredido com objetos como um cabo de vassoura, remo de panela industrial e ripas de madeira, entre outros.

Na ocasião, o Exército se manifestou em tom de repúdio à violência praticada pelos seis militares. “O Exército Brasileiro repudia veementemente a prática de maus tratos ou qualquer ato que viole os direitos fundamentais do cidadão”, disse em nota.

Defesa do soldado celebrou a decisão do Exército de expulsar os militares. À reportagem, o advogado Pablo Canhadas entende que medida “em relação aos agressores é deveras assertiva”. “Não pode fazer parte das fileiras pessoas sem a capacidade emocional de se conter em não agredir brutalmente um de seus pares”, afirmou.

SOLDADO AGREDIDO ESTÁ AFASTADO

O soldado que sofreu a violência está afastado por 90 dias de suas atribuições no Exército. Desde o episódio, ele está abalado emocionalmente e realiza tratamento psicológico e psiquiátrico, conforme Canhadas.

Soldado tem crises de pânico e está medicado. “Ele faz uso de medicamentos para controlar a ansiedade e evitar outros ataques de pânico”, explicou o advogado.

Vítima registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil de São Paulo, que classificou o caso como lesão corporal. Em seu depoimento, ele explicou que durante a tortura teve sua farda arrancada à força pelos colegas, que teriam quebrado uma vassoura na região de seu ânus. Ele também foi violentado com outros objetos.

Soldado tirou fotos dos hematomas em seu corpo e passou por exame de corpo de delito. O caso foi remetido pela PCSP ao Comando Militar do Sudeste, responsável pelas investigações.

O caso está sob sigilo e nem mesmo o advogado da vítima teve acesso aos autos. “Em relação ao processo estou tentando ter acesso aos autos, pois cada vez é uma desculpa: ou porque não está fisicamente na seção ou porque já digitalizou, e mesmo digitalizado não estou conseguindo acessar”, disse Pablo Canhadas.

Exército disse que o sigilo é para garantir a “eficácia da investigação e a elucidação de um crime”.

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