‘Não tem banheiro’: ambulantes pedem ‘benefícios’ prometidos em Salvador

carnaval de salvador 2025 veja programacao complet0033548400202502141522 9

WESLLEY NETO
SALVADOR, BA (UOL/FOLHAPRESS)

Bruno Reis (União Brasil), prefeito de Salvador, defende que diversas melhorias foram aplicadas para melhorar o trabalho do ambulante no Carnaval de Salvador. No ano passado, UOL mostrou a dura realidade de quem dormia nas ruas para garantir um ponto de venda durante a festa na capital baiana.

Porém, os vendedores ainda sentem falta de medidas da Prefeitura. O UOL ouviu pelo menos oito ambulantes que trabalham em uma estrutura montada na Barra — espaço causou polêmica no ano passado, mas voltou a ser montado.

‘QUAL É MEU BENEFÍCIO?’

“Não tem um banheiro para fazer xixi. Continua precário. A gente precisa de banheiros próximos dos pontos de venda”, disse Aline Campos, 39, trabalha como ambulante há dez anos.

Prefeitura oferece pontos para hidratação, banho e áreas para carregamento de celulares e máquinas de cartão. Porém, vendedores reclamam da distância para determinados pontos de venda. Saindo da concentração do circuito, eles percorrem 1,2 km para visitar os pontos disponíveis no shopping Barra.

Alyssom Carvalho, diretor-geral de Serviços Públicos da Secretaria de Ordem Pública (Semop), afirmou que ambulantes estão resistentes ao uso dos pontos para banho. “São oito locais funcionando das 7h às 17h, com mais de 200 baias entre banheiros masculinos e femininos”, afirmou, em entrevista ao site Bnews.

Os mais de 3500 ambulantes cadastrados receberam kits de higiene para uso pessoal. O espaço “Bora Ambulantes”, o que mais oferece baias, fica localizado em Ondina. São 56 chuveiros e 12 sanitários.

Após polêmicas em 2024, a estrutura montada na Barra exclusivamente para o uso dos ambulantes voltou a ser tema. Cerca de 350 vendedores trabalham no espaço, segundo a estimativa divulgada pela Semop.

Graciela Ferreira, 42, afirma que a instalação comprometeu suas vendas em uma média de 75%. “A gente fica disputando cliente, batendo boca com folião o tempo inteiro. Os blocos também vendem cerveja.”

“Qual é o meu benefício? Dormir ao relento, tomando chuva, e não vender?” disse Graciela Ferreira.
Há 12 anos vendendo no Carnaval, Gilcineide das Neves, 42, também criticou a falta de proteção aos ambulantes nos períodos de chuva. Para ela, medidas que melhorem as condições de trabalho dos vendedores são urgentes.

“O prefeito não quer que apareça uma lona esticada na TV. Não há nada bom em ficar levando chuva na cabeça”, disse Gilcineide das Neves.

O QUE DIZ O PREFEITO

Bruno Reis destacou que ambulantes não precisam mais disputar pontos de venda. A Prefeitura de Salvador define quais vendedores ocuparão cada espaço já no credenciamento. Graciela afirma que a medida ocorre, mas não é respeitada por todos.

O prefeito pelo União Brasil também reforça que vendedores foram isentos de taxas nos últimos dois anos. “Hoje, eles não pagam nada. Todos estão ganhando kits. Antigamente, eles praticamente pagavam para trabalhar”. Entre os ambulantes ouvidos pelo UOL, é unanimidade que a isenção das taxas é realmente aplicada.

Bruno Reis sente falta do oferecimento de apenas um serviço. “O ideal seria que as pessoas dormissem em casa. Ainda não temos condições de dar um dormitório. Até porque está tudo alugado neste período. É um serviço que falta.”

Análise foi questionada pela vendedora Gilcineide das Neves. “Como levar a nossa mercadoria para um dormitório? A gente investe aqui três, quatro, cinco mil reais. Era só colocar uma cobertura para ficarmos no nosso canto, com as nossas coisinhas.”

O UOL também procurou o departamento de comunicação da Prefeitura de Salvador. A reportagem será atualizada caso se manifestem oficialmente sobre as declarações dos ambulantes citados na reportagem.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.