Medidas populistas de Lula não vão elevar sua popularidade nem ampliar o crescimento econômico

Greice Guerra Fernandes

Especial para o Jornal Opção

Após atingir o menor patamar de popularidade em seus três mandatos — segundo o Datafolha, a aprovação do presidente Lula da Silva recuou de 35% para 24% e a reprovação de seu governo subiu de 34% para 41% —, o mandatário prepara uma série de medidas a fim de reverter a situação.

A queda da popularidade de Lula intensificou-se após a divulgação do pacote fiscal no final de 2024, pois o mesmo mostrou-se ineficiente em debelar o imenso déficit fiscal existente, fato que elevou de imediato o dólar fazendo a moeda atingir um valor exorbitante e ainda obrigou o Banco Central a realizar a maior intervenção em 25 anos com o objetivo de segurar a cotação.

Além disto, a elevação da inflação, principalmente a elevação dos preços dos alimentos que atinge o poder de compra da população, aumento da Taxa Selic, polêmica do PIX, um meio de transferência extremamente popular que gerou uma crise, a incerteza fiscal que inibe a atração dos investimentos nacionais e internacionais e a constante fuga de capitais do Brasil, foram fatores determinantes para contribuir para a queda da popularidade de Lula.

Sob o olhar das eleições em 2026, o presidente busca reagir através de ações para resgatar sua popularidade. Programas como Gás Para Todos, mudanças no crédito consignado privado, implementação da gratuidade completa da Farmácia Popular, avanços no pagamento do Pé-de-Meia, isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5.000,00, e outros planos similares também estão no rol do Planalto, a fim de recuperar a competitividade do petista.

O mercado financeiro e seus agentes econômicos sempre atentos ao desafiador e hostil cenário econômico externo que assola os mercados globais e ao preocupante quadro fiscal interno, observa que muitas destas medidas como a desoneração do imposto de renda que pode custar cerca de R$ 35 bilhões aos cofres públicos, o que aumentaria ainda mais ainda o desajuste nas contas públicas, nota que o atual governo acredita que tais medidas populistas acarretarão o aumento do populário do Presidente. O governo também considera que a queda da inflação ocorrerá através da safra recorde dos agronegócios, irrigação de dinheiro na economia em função da extensão da ampliação dos programas sociais e o impulso na economia pela máquina pública.

Assim sendo, o atual governo caminha no sentido oposto daquilo que realmente acarretaria a queda da inflação e a consequente queda da taxa de juros, que é o corte dos gastos governamentais, abandonados desde que Lula assumiu a presidência. O gasto público descontrolado além de expulsar o gasto do setor privado, provoca um PIB inferior ao incremento da despesa pública, ou seja, tais gastos acarretarão elevação de impostos ao setor produtivo, inflação e elevação do custo do crédito, o que provoca a retração do setor produtivo, inibição do consumo das famílias e endividamento das mesmas. O excesso de gastos estatais toma o lugar dos gastos da população e do crescimento das empresas causando estagnação econômica.

Todo este contexto também contribui para um real mais enfraquecido mediante aos mercados globais, uma vez que os investidores nacionais e internacionais se desfazem de suas posições e refugiam -se no dólar e no ouro, o que pressiona a elevação dos dois ativos. Vale destacar o aumento da onça do ouro que vem atingindo altos valores e encontra-se na casa dos U$ 2.900,00.

Baseado em todas as explanações, percebe-se que mais medidas populistas com o objetivo de reaquecer a popularidade de Lula com o foco nas eleições de 2026, pouco acarretarão benefícios à sociedade, o setor produtivo e à escalada econômica, o que por sua vez, compromete até mesmo o alvo do governo que é o resgate da popularidade do mandatário. Traduzindo: mais medidas populistas que só aumentarão os gastos governamentais, fato que eleva a inflação e a Taxa Selic, e pauperiza a população, dificilmente trarão de volta popularidade que o governo Lula tanto almeja.

Resgatar popularidade de governo populista com mais medidas populistas só promoverá elevação do déficit fiscal, alta da inflação e juros, aumento da desigualdade em função da queda do poder aquisitivo, comprometimento na arrecadação e encolhimento do crescimento econômico.

Greice Guerra Fernandes, economista formada pela Universidade de São Paulo, é colaboradora do Jornal Opção.

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