Polícia do RJ indicia 3 por suspeita de golpe milionário contra dono da Embelleze

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YURI EIRAS
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

A Polícia Civil do Rio de Janeiro indiciou três pessoas suspeitas de organizarem um golpe contra o empresário e ex-deputado federal Itamar Serpa Fernandes, fundador da marca de cosméticos Embelleze, morto em 2023.

Os indiciados são Monique Elias, ex-mulher de Itamar, o filho dela, João Serpa, e o ex-companheiro de Monique, Mateus Palheiras, com quem ela se relacionou após se divorciar.

João e Matheus foram procurados pela reportagem, mas não responderam. A defesa não foi localizada.

Nas redes sociais, Monique tem publicado mensagens em que se defende das suspeitas da polícia.

“O bem que fizemos é nosso advogado em todo lugar. Hoje [faz] 20 meses da morte do Itamar, e colocar a memória dele como alguém que era bobo, que estava mentalmente perdido é desconsiderar todo trabalho feito por ele à frente da empresa”, escreveu a ex-mulher.

O caso foi mostrado primeiramente no programa “Fantástico” de domingo (19).

“Espero que essa história volte a ficar no lugar de onde não deveria ter saído, que é a Justiça. Pois muito tem para ser falado, a diferença é que eu não uso as pessoas e fico nos bastidores.”

A reportagem enviou mensagens aos filhos de Itamar, mas não houve resposta.

A Embelleze, em nota, afirmou que “esta é uma questão estritamente familiar, sem qualquer vínculo com as atividades ou os ativos da empresa”.

A investigação da polícia aponta que Itamar teria sido alvo de um golpe que começou em 2012, cuja mentora do esquema era Monique, sua mulher à época. Monique, segundo a polícia, teria usado um nome falso – Jéssica Ferrez -para se comunicar com Itamar através de emails.

O conteúdo das mensagens tinha falsas acusações contra filhos de Itamar, segundo a polícia. A intenção de Monique seria isolar o empresário e guiá-lo nas decisões sobre as finanças da família e a sucessão na Embelleze. O falso perfil também enviava elogios a Monique, “levando Itamar a acreditar que a ex-esposa era a única pessoa em quem podia confiar”, diz a nota da Polícia Civil.

A Embelleze foi fundada em 1969 em Nova Iguaçu, município da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro.

Itamar Serpa, capixaba, chegou ao Rio para trabalhar na multinacional Bayer, sediada na Baixada Fluminense, e cursou engenharia química.

Nos anos 2000, a Embelleze alcançou patamar nacional e global com as vendas de produtos cosméticos, como xampus, condicionadores e cremes de tratamento capilar para cabelos cacheados e crespos. A marca exporta para 70 países e hoje possui escritórios em Portugal, Estados Unidos, Hong Kong e Venezuela.

Nos últimos anos, vídeos que viralizaram sobre uso de bisnagas de queratina aumentaram ainda mais as vendas da marca. Além da famosa bisnaga de recarga de queratina, fazem parte da linha de produtos 25 “famílias” de Novex, Henê e Lisa Hair.

A Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais), responsável pelo indiciamento de Monique, aponta que ela teria induzido Itamar a fazer transferências milionárias, modificar o testamento e contratar seguros de vida em seu favor.

A polícia estima o prejuízo em R$ 122,4 milhões. Monique teria recebido R$ 74 milhões em cotas da empresa, além de imóveis e valores de seguro de vida.

A empresa tem como administrador principal Jomar Beltrame Fernandes, filho mais velho de Itamar desde a morte do primogênito Claudio, em 2011. Também consta como sócia a Vargas Marcas e Participações, responsável pela administração das empresas da família.

Na Vargas Marcas e Participações aparecem como sócios, além de Jomar, uma outra filha de Itamar, sua primeira mulher e dois de seus netos.

A disputa pela sucessão na presidência da Embelleze acontece há quase uma década. Nos últimos anos de vida, Itamar brigou com o filho Jomar.

Na década de 2010 a L’Oreal chegou a pensar em comprar a Embelleze, mas decidiu, em 2014, pela aquisição da concorrente Niely, também baseada em Nova Iguaçu.

“Ao longo de mais de 56 anos, construímos uma trajetória sólida, transformando vidas por meio da beleza”, diz a Embelleze em nota sobre a investigação. “Seguimos comprometidos com os mais altos padrões de governança corporativa, pautados pela ética, transparência e responsabilidade”.

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