Com dívidas de R$ 4 Bi, Mabel presta contas de Rogério Cruz

*Colaboração de Fabrício Vera

O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), está na Câmara Municipal na manhã desta segunda-feira, 24, para cumprir as obrigações legais de prestação de contas do último quadrimestre de 2024, referente ainda à gestão do ex-prefeito Rogério Cruz (SD). A apresentação foi conduzida pelo secretário de Finanças, Valdivino de Oliveira , e evidenciou um cenário fiscal mais crítico do que o registrado oficialmente.

Segundo o secretário, embora o balanço contábil do período indique uma dívida de R$ 400 milhões, o rombo real chega a R$ 4 bilhões, considerando valores fora da contabilidade oficial , como obrigações canceladas e despesas não empenhadas pela antiga gestão. “O que nos preocupa não é o que está na contabilidade, mas o que está fora dela. Temos um volume alto de dívidas que precisam ser resolvidas, mas que não foram incluídas no balanço justamente por falta de orçamento, o que impediria o cumprimento das metas fiscais”, explicou Valdivino.

Despesas ocultas somam bilhões e pressionam orçamento atual

De acordo com os dados exibidos no telão durante a reunião, o maior valor está concentrado na Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), com uma dívida não contabilizada de R$ 2.325.277.665,41.

Em seguida, aparecem a Secretaria Municipal de Saúde, com R$ 441.119.581,55, e o Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores (IMAS), com R$ 233.204.101,28. Também constam na lista a Secretaria Municipal de Administração (Semad) , com R$ 48.450.102,11, e a Secretaria de Infraestrutura Urbana (Seinfra), com R$ 42.973.888,82.

Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Esses montantes, segundo o secretário, não constam no balanço apresentado ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) porque o órgão só analisa os dados formalmente registados na contabilidade municipal. “O TCM trabalha com o que está na contabilidade, mas a realidade orçamentária da cidade é outra . E o desafio agora é legalizar essas despesas sem comprometer o orçamento de 2025”, alertou.

Desafio: criar poupança para cobrir rombo

Valdivino de Oliveira destacou ainda que a gestão atual não tem espaço no orçamento de 2025 para cobrir essas dívidas, e que qualquer tentativa de compromisso comprometeria os serviços públicos no segundo semestre. “A única alternativa viável é gerar poupança, ou seja, reduzir despesas para transformar essa economia em orçamento, e aí sim legalizar as dívidas herdadas”, explicou.

Ao ser questionado sobre a responsabilidade pelos subsídios, o secretário evitou apontar os culpados diretamente, mas deixou claro que a autorização para gastos além da capacidade orçamentária foi da gestão anterior.

Quem tem a caneta é o prefeito. O que houve foi que se autorizou despesas maiores do que o orçamento e maiores do que a caixa. Agora, nós temos que administrar as consequências disso, afirmou Valdivino.

Câmara cobra esclarecimentos sobre divergências nos números

A apresentação também gerou reações entre vereadores da oposição, que questionaram a discrepância entre os números apresentados pela Prefeitura (R$ 4 bilhões), os anteriores (R$ 3 bilhões) e o valor apontado inicialmente pelo TCU (R$ 600 milhões). O secretário reafirmou que o valor contábil é um pequeno fragmento da realidade, e que o rombo é bem maior quando se consideram despesas ocultas que ainda precisam ser incorporadas legalmente.

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