Secretário de Tarcísio diz que demandas de professores por climatização e piso salarial são justas

ISABELA PALHARES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O secretário de Educação de São Paulo, Renato Feder, disse reconhecer como justas as demandas que levaram os professores da rede estadual a aprovarem greve na última sexta-feira (21). Segundo ele, a reivindicação por climatização e o cumprimento do piso salarial docente serão debatidos com os profissionais.

Em assembleia, os professores aprovaram que vão entrar em greve a partir do dia 25 de abril. Além das pautas citadas como justas pelo secretário, eles também reivindicam a contratação de mais docentes efetivos -sobre este pleito, Feder disse que não há previsão de atendê-los.

“A gente está conversando com eles [professores da rede estadual]. Uma demanda, por exemplo, muito justa é em relação ao calor que está fazendo nas escolas. Os professores e alunos reclamam muito disso e estamos fazendo um esforço para aumentar o número de escolas climatizadas”, disse o secretário nesta terça-feira (25), durante um evento de premiação para prefeitos de cidades paulistas que tiveram bons resultados em um teste de alfabetização.

Segundo Feder, São Paulo tinha apenas 9 escolas climatizadas no início da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), em 2023. Ele afirma que o governo já ampliou a climatização para “quase mil escolas” e promete iniciar o próximo ano letivo com 2.000 escolas com ar-condicionado.

Em nota à Folha de S.Paulo, a secretaria informou que a rede estadual tem atualmente 750 escolas climatizadas, o que representa 13,4% de todas as unidades do estado. Em 2023, o Censo Escolar apontava que São Paulo era o estado do país com o menor percentual de salas de aula climatizadas.

Outra demanda dos professores é que o governo Tarcísio passe a cumprir o Piso Nacional Salarial dos Professores -hoje, os docentes recebem um abono para alcançar o mínimo estabelecido pelo governo federal. Com isso, os valores não são incorporados para cálculo de férias e aposentadoria, por exemplo.

Ao menos desde 2017, o governo paulista só cumpre o piso por meio de abono, o que gerou um imbróglio jurídico -com decisões contrárias e favoráveis ao estado. Apesar de reconhecer como justa e admitir que irá negociar com os professores, Feder disse que a gestão Tarcísio continuará pagando o piso com com abono ou gratificação.

“A lei diz que nenhum professor pode receber menos de R$ 4.800, a gente cumpre isso em São Paulo de várias maneiras, com abono, quinquênio, gratificação. A gente cumpre e vai continuar cumprindo, inclusive, com os temporários que são um número grande [de professores] da rede”, disse.

Apesar de reconhecer que o número de professores temporários é grande na rede estadual paulista, Feder disse que não há previsão de contratar mais efetivos.

Segundo ele, o último concurso tinha a previsão de contratar 15 mil docentes efetivos, mas o governo só conseguiu preencher cerca de 12 mil cargos com os aprovados até a terceira chamada do processo seletivo.

“A gente abriu três chamadas para tentar contratar os 15 mil, mas cerca de 3.000 não quiseram entrar para a rede porque já estavam em outra profissão ou cargo. Vamos avaliar se vamos abrir mais chamadas, mas isso significa abrir para quem se classificou mais lá para trás [com menor pontuação]. Então vamos analisar”, disse.

Conforme mostrou a Folha de S.Paulo, o Ministério Público ingressou com duas ações civis públicas para obrigar o governo Tarcísio a recompor o quadro de profissionais da educação.

As ações defendem que o governo tem burlado a contratação por meio de concurso público e sistematicamente passou a preencher os quadros da educação com profissionais temporários.

ALFABETIZAÇÃO

O secretário e o governador participaram na manhã desta terça de um evento com cerca de 400 prefeitos de municípios paulistas que tiveram bom desempenho em uma avaliação de fluência leitora de alunos de 2º ano do ensino fundamental. O teste é aplicado pelo governo do estado desde o ano passado.

Segundo a secretaria, a avaliação indicou que o número de crianças nessa série (em geral com 7 anos) consideradas leitores fluentes subiu de 48%, em 2024, para 77%, em 2025.

São consideradas leitoras fluentes aquelas que conseguem ler entre 45 e 60 palavras corretamente no decorrer de um minuto

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