A noite de 23 de março no Espaço Carijó, no Rio de Janeiro, foi mais que um evento, foi um respiro coletivo para celebrar o Equinócio de Outono, data conhecida na tradição celta como Mabon. O evento reuniu cerca de 60 pessoas, entre xamãs, terapeutas e estudiosos da espiritualidade, em um círculo de intenção, fogueira e silêncio reverente. A experiência imersiva contou com cantos ancestrais e música celta ao vivo, executada pela violinista Nathália Rodrigues, uma das principais representantes do gênero no país.

O Mabon marca o momento em que o dia e a noite têm a mesma duração, simbolizando o equilíbrio entre luz e escuridão. Na cultura celta, é também um período de agradecimento pelas colheitas e preparação para o inverno. O evento buscou resgatar essa essência, com uma programação focada em autoconhecimento, espiritualidade e conexão com a natureza.
Nathália Rodrigues, que se apresentou ao violino acompanhada por uma tecladista, tocou “Nocturne”, do Secret Garden, além de outras melodias que ajudaram a criar uma atmosfera mística, com o público em silêncio, absorvendo cada nota. “A música celta tem uma ligação profunda com os antigos rituais sazonais e com a espiritualidade da natureza. No Equinócio de Outono, comemoramos o equilíbrio entre luz e escuridão, a gratidão pela colheita e o preparo para um novo ciclo. A música teve um papel essencial para potencializar essa conexão, criando uma atmosfera envolvente e mística ao redor da fogueira”, afirma.

Diferente de festivais convencionais, o evento priorizou um ambiente de introspecção e elevação espiritual. Não houve consumo de bebidas alcoólicas, e as atividades incluíram meditações guiadas, vivências sensoriais e rodas de cura. “O evento reuniu um público seletivo e intimista. Foi uma experiência muito especial, pois todos estavam realmente envolvidos na energia do equinócio e na proposta da celebração”, explicou Nathália.
A violinista, que é uma das poucas artistas trans em destaque no cenário da música celta no Brasil, ressaltou ainda o caráter simbólico da performance durante o Mabon, onde as melodias não são somente entretenimento, mas um canal para algo muito maior. “Foi um momento único. Foi uma experiência de transcendência, onde a música se tornou um elo entre passado e presente, entre tradição e vivência espiritual”.
Além da celebração espiritual, o evento reforçou a relevância da música celta como expressão cultural e histórica. Originária de povos como os celtas e os gaélicos, essa tradição musical tem ganhado espaço no Brasil, especialmente em festivais e eventos temáticos. Nathália Rodrigues, que há anos se dedica ao gênero, acredita que sua força está justamente na capacidade de comunicar emoções e narrativas ancestrais.
É possível conferir as próximas apresentações de Nathália em seu Instagram (@nathaliaviolin)