Polícia pede prisão de PM em caso Igor e Thiago

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LUIS ADORNO
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

A Polícia Civil pediu a prisão do subtenente reformado da Polícia Militar Carlos Alberto de Jesus, que confessou ter atirado duas vezes contra o estudante Igor Melo de Carvalho e o mototaxista Thiago Gonçalves Marques.

Polícia pediu a prisão do PM por dupla tentativa de homicídio. O homem de 61 anos atirou contra os jovens de 31 e 24 anos na madrugada do último 24 de fevereiro, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro.

Inquérito foi enviado ao MP (Ministério Público) em 25 de março para análise do pedido. A 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Territorial da área Penha e Irajá afirmou, porém, que a investigação ainda não havia sido remetida até a manhã de hoje. Caso seja aceito o pedido de prisão, o caso será analisado pela Justiça do Rio.

Mulher indiciada por falso testemunho majorado. Na noite de 23 de fevereiro, a cabeleireira Josilene da Silva Souza, 42, amante de Carlos Alberto, teve o celular, de fato, roubado por dois criminosos, segundo a Polícia Civil. “A mulher, contudo, passou informações erradas [ao PM], produzindo efeito em processo penal”, diz a polícia. Não houve pedido de prisão contra ela.

“A conduta de Carlos Alberto de Jesus foi espontânea, moto-próprio, sem qualquer notícia de incitamento por parte de Josilene. Desferiu disparos de arma de fogo contra duas pessoas que não esboçaram nenhum ataque ou reação, com base na suposição dos mesmos serem roubadores da madrugada, terroristas do cotidiano”, disse relatório final da Polícia Civil.

A cabeleireira Josilene teve o celular roubado na Penha, zona norte do Rio, às 23h do dia 23 de fevereiro.

De acordo com o boletim de ocorrência, o PM Carlos Alberto de Jesus havia deixado a mulher na rua Irani por volta das 23h e saiu para comprar uma pizza. Quando voltou, ouviu da mulher que ela teve uma pistola apontada contra o rosto e que os assaltantes tinham levado seu celular.

A mulher afirmou que os assaltantes estavam em uma moto azul. Josilene afirmou ter observado que o motorista estava com uma camiseta preta, e que o comparsa, que foi quem apontou a arma, estava com uma roupa amarela. Duas horas depois, Josilene apontou para o marido dois homens com características semelhantes no mesmo bairro: Thiago, de camiseta preta, e Igor, de camiseta amarela.

O PM perseguiu e emparelhou seu carro, um Golf prata, à motocicleta pilotada por Thiago. Igor estava na garupa; ele voltava para casa após ter trabalhado na noite de domingo em uma casa de samba na região. De dentro do carro, Carlos Alberto atirou duas vezes. Um dos disparos atingiu as costas de Igor, que ficou internado, mas se recuperou do ferimento.

Josilene e Carlos afirmaram na delegacia que o PM só atirou porque viu que Igor tentou sacar uma arma. Nem a suposta arma nem o celular roubado de Josilene, porém, foram localizados. Pelas denúncias do casal, Igor e Thiago receberam voz de prisão. Igor ficou escoltado por policiais militares enquanto estava no hospital, enquanto Thiago dormiu uma noite no presídio de Benfica.

Reconhecimento foi feito por fotografias. Nove fotos, de nove homens com características físicas semelhantes, foram colocadas em um papel para que Josilene reconhecesse quem roubou seu celular. Ela reconheceu Thiago como o piloto e Igor como quem puxou seu telefone.

Thiago e Igor, porém, tinham provas evidentes de que não eram os assaltantes do celular de Josilene. Thiago trabalhava desde as 22h como motorista de aplicativo. Igor, como garçom em uma casa de samba na Penha até 1h. Imagens do circuito interno do estabelecimento mostram ele saindo do local duas horas depois do assalto.

Igor estava com uma camiseta amarela que era, justamente, o uniforme da empresa onde trabalhava aos finais de semana para complementar renda. Thiago tinha carteira registrada como auxiliar de açougueiro até o fim do ano passado. Desde então, passou a alugar uma moto para trabalhar em média 17 horas por dia como motorista de aplicativo Futuro.

Estudante de publicidade em uma universidade privada do Rio, Igor também atuava como jornalista esportivo. Ele foi contratado pela Rádio Craque Neto após a repercussão do caso. Thiago iniciou na internet uma vaquinha para conseguir pagar o conserto da moto alugada, que ficou destruída, e para comprar uma outra moto para voltar a trabalhar.

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