Afonso Motta nega envolvimento com desvio de emendas e deve exonerar assessor investigado

img20241119203809409 768x473

O deputado federal Afonso Motta (PDT-RS) disse, após reunião com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que não tem envolvimento com o escândalo de desvio de emendas parlamentares investigado pela Polícia Federal (PF). Afonso saiu em defesa do secretário parlamentar dele, que foi alvo de uma operação deflagrada nesta quinta-feira, 13. O parlamentar acabou admitindo que deve exonerar o assessor na próxima semana.

“Em momento algum eu apareço como investigado, mas é claro que isso não diminui a nossa preocupação com as circunstâncias do nosso trabalho. A forma de proceder que sempre tivemos foi a de fazer o encaminhamento das emendas com critério, cumprindo com as formalidades”, afirmou Afonso.

Quando a operação da PF foi deflagrada, Afonso Motta estava em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Ele pegou um avião para Brasília apenas para se reunir com Hugo Motta.

Segundo o parlamentar do PDT, ele ainda não conversou com o secretário parlamentar Lino Rogério da Silva, alvo da PF. Os dois moram juntos em um apartamento funcional em Brasília, que foi vasculhado pelos policiais.

Afonso Motta disse que o presidente da Câmara prestou “solidariedade” durante a conversa que durou pouco mais de duas horas no gabinete do comandante da Casa. O gaúcho afirmou ainda que está “preocupado” e “sensibilizado” e que sempre acompanha as indicações feitas pelo gabinete.

“Eu estou preocupado e sensibilizado pelo fato de que é inadmissível uma circunstância como essa que, de certa forma, atinge o meu mandato. Muito mais que a questão pessoal é o mandato que fica limitado e recebe uma censura”, disse Afonso Motta.

Afonso ainda saiu em defesa do secretário parlamentar e disse que tem “certeza” de que as irregularidades apontadas pela PF incriminam o lobista Cliver André Fiegenbaum e o Hospital Ana Nery, de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande de Sul. Os policiais coletaram, porém, conversas entre o assessor Lino e Fiegenbaum que indicam um acerto de propina em troca da indicação de emendas.

“É um contrato de prestação de serviços entre esse intermediário e o Ana Nery. Não tem nada que envolva o nosso gabinete e que envolva o próprio Lino nesse processo”, afirmou.

Afonso disse ainda que trabalha com o secretário há mais de 15 anos e que, após a operação da PF, ele vai desocupar o imóvel funcional em Brasília até esta sexta-feira, 14.

Na manhã desta quinta, o presidente da Câmara disse que vê “com tranquilidade” a operação, deflagrada após ordem do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF). “Vamos acompanhar. Os órgãos da Casa estão acompanhando para garantir que tudo seja conduzido da forma mais correta possível”, afirmou

A operação desta quinta foi nomeada como EmendaFest, e fez buscas em 11 endereços residenciais e comerciais ligados aos investigados em Brasília e nos municípios gaúchos de Estrela, Rosário do Sul, Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires e Lajeado.

Durante as buscas, a PF apreendeu mais de R$ 350 mil em dinheiro vivo. Os policiais também encontraram dois celulares no forro da parede de um escritório.

Segundo Dino, as provas reunidas demonstram a participação dos investigados para o “sucesso da destinação de emendas parlamentares para o Hospital Ana Nery e a consequente apropriação por particulares de parte desses recursos”.

Segundo apurou o Estadão, a PF apurou que as propinas tinham um contrato de captação e nota fiscal. O valor combinado teria sido de 6% sobre a três emendas ao hospital, no valor total de R$ 1 milhão, nos anos de 2023 e 2024.

O PDT, partido de Afonso, deve acompanhar as investigações e uma possível punição ao parlamentar pode ser avaliado pelo conselho de ética da sigla.

Estadão Conteúdo.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.