Ex-prefeito de Taboão comprou fuzil usado em falso atentado por R$ 85 mil, diz delator

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ISABELLA MENON
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Em meio às investigações do atentado contra o ex-prefeito de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, José Aprígio da Silva (Podemos), 72, a Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo apuram se o fuzil usado no ataque foi comprado pelo próprio ex-prefeito. A suspeita é de que o ato tenha sido forjado.

A informação foi divulgada inicialmente pelo G1 e confirmada pela Folha.

A informação sobre a compra do armamento foi dada em uma delação premiada. Além disso, o informante afirmou que a arma teria custado R$ 85 mil e a munição R$ 15 mil. Porém, os investigadores ainda buscam provas que corroborem essa acusação.

“Precisamos investigar tudo, nada pode ficar para trás. Outras evidências poderão surgir que nos levem a provas incontestáveis”, afirma o delegado Hélio Bressan à frente do caso.

A delação também apontou que os envolvidos no crime teriam recebido R$ 500 mil. A reportagem procurou a defesa de Aprígio, que afirmou ainda não ter acesso aos autos do processo.

Na segunda-feira (17), quando foi deflagrada a Operação Fato Oculto, o advogado Allan Mohamed negou o envolvimento do ex-prefeito no crime e defendeu que ele é a vítima neste caso.

A operação da polícia cumpriu dois mandados de prisão e realizou mais de dez mandados de busca e apreensão.

O atentado a tiros contra José Aprígio da Silva, então candidato à reeleição para a Prefeitura de Taboão, ocorrido em 18 de outubro de 2024, em meio à campanha, foi forjado, de acordo com a Polícia Civil.

Segundo as autoridades, a falsa tentativa de homicídio foi uma fraude montada para que Aprígio conseguisse destaque e, consequentemente, a reeleição. O político perdeu o pleito para o rival Engenheiro Daniel (então do União Brasil).

Os agentes estiveram na casa de três ex-secretários municipais: José Vanderlei Santos (Transportes); Ricardo Rezende Garcia (Obras); e Valdemar Aprígio, ex-secretário e irmão do ex-prefeito, que foi preso preventivamente por portar uma arma sem documentação.

As defesas dos secretários não foram localizadas.

A investigação aponta que os secretários do ex-prefeito fizeram contato com dois homens, Anderson da Silva Moura, conhecido como Gordão, e Clovis Reis de Oliveira para realizar o atentado.

O advogado de Anderson, Ramalho Nolasco, esteve na delegacia na manhã desta segunda para prestar esclarecimentos. Ele afirma que o cliente não tem nenhuma relação com o caso, nem com os secretários e nem com o ex-prefeito.
Clovis está foragido.

Nas buscas e apreensões desta segunda foram coletadas armas, munições, celulares e computadores dos investigados. Uma das buscas aconteceu na casa do ex-prefeito, onde foram encontrados R$ 320 mil em espécie.

O delegado Hélio Bressan, à frente da Seccional de Taboão da Serra, disse que a partir da delação uma série de indícios levantaram a hipótese de que o caso se tratava de uma fraude. Entre eles, o fato de que, no dia do atentado, Aprigio esteve por diversas vezes em locais abertos.

Segundo ele, não faz sentido que os criminosos tenham esperado até o momento que o ex-prefeito estivesse dentro do carro para cometer o crime.

No dia do crime, foi usado um fuzil AK-47, e a polícia acredita que o armamento foi escolhido para tornar o crime mais crível. Também afirma que o plano pode ter falhado durante o ataque.

A hipótese que a polícia trabalha é que o atirador estava em um carro e iria disparar em algumas partes do veículo do ex-prefeito, mas sem atingir o candidato.

Porém, ainda de acordo com essa tese, os criminosos tiveram problemas com a arma durante o atentado.

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