Bolsonaro mobiliza seguidores antes de possível julgamento

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Milhares de apoiadores de Jair Bolsonaro se reuniram neste domingo (16) com seu líder na praia de Copacabana, Rio de Janeiro, para expressar apoio ao ex-presidente, que enfrenta a possibilidade de um julgamento por uma suposta tentativa de golpe de Estado.

O político de extrema direita que presidiu o Brasil entre 2019 e 2022 chegou às 10h15 ao palco onde deveria pronunciar um discurso, abrindo caminho entre manifestantes vestidos de verde e amarelo.

No palco, um cartaz mostra uma imagem do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o punho levantado, após o ataque que sofreu em julho durante a campanha eleitoral na Pensilvânia.

“Vamos dar um recado para o Brasil e para o mundo”, afirmou o político de extrema direita, em um vídeo publicado nas redes sociais.

O lema do evento é pedir uma “anistia” para as pessoas condenadas por envolvimento nos distúrbios de 8 de janeiro de 2023 em Brasília.

Na data, milhares de bolsonaristas invadiram e vandalizaram o Palácio do Planalto, o Congresso e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF), uma semana após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Enquanto Bolsonaro estava nos Estados Unidos, seus simpatizantes exigiam uma intervenção militar para derrubar Lula, que derrotou o ex-presidente nas eleições de 2022.

Os ataques de 8 de janeiro são uma das razões que levaram a Procuradoria-Geral da República (PGR) a acusar o ex-presidente em fevereiro por um suposto plano de golpe de Estado para tentar permanecer no poder.

Ele é acusado de ser o líder de uma “organização criminosa” que conspirou durante meses com este propósito e pode enfrentar uma pena acumulada superior a 40 anos de prisão.

Candidato “por enquanto”

Na quinta-feira, a PGR rejeitou os argumentos da defesa, que alegava, entre outras coisas, que o STF não tem competência para julgar o ex-presidente, ao lado de outras 33 pessoas, incluindo ex-ministros e comandantes militares.

A próxima etapa acontecerá em 25 de março, quando o STF examinará se existem elementos suficientes para iniciar um julgamento.

Bolsonaro, 69 anos, afirma que é vítima de uma “perseguição” política para impedir sua candidatura nas eleições presidenciais de 2026.

Ele foi declarado inelegível até 2030 por questionar a confiabilidade do sistema brasileiro de urnas eletrônicas, mas espera que a condenação seja anulada ou que a pena seja reduzida, para se candidatar a um segundo mandato presidencial.

“Por enquanto, sou candidato”, reiterou na quarta-feira. “Por que eu teria que abrir mão do meu capital político para apoiar alguém?”, questionou.

Bolsonaro sonha com um retorno ao estilo Donald Trump, que retornou à Casa Branca apesar de seus problemas judiciais, e espera que o presidente americano, de quem é grande admirador, exerça “influência” a seu favor.

Incerteza

A incerteza também afeta a esquerda: Lula, de 79 anos e com uma popularidade prejudicada principalmente pela inflação, mantém um discurso ambíguo sobre suas intenções de disputar a reeleição.

Ao mesmo tempo, ele não para de atacar o antecessor, a quem chama de “covarde” por ter “planejado um golpe de Estado” antes de “fugir” para os Estados Unidos no final de 2022.

Lula afirmou no sábado que é preciso defender a democracia “todos os dias daqueles que, ainda hoje, planejam a volta do autoritarismo”, por ocasião do 40º aniversário do fim da última ditadura militar, que Bolsonaro evoca com nostalgia.

© Agence France-Presse

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